Sou contra as músicas românticas.
Parem já com isso, pelo amor de
Deus! Que raio!
Músicas que falam de amores
eternos, amores impossíveis, de casamentos, de traições, de separações abruptas
que fizeram rolar lágrimas suficientes para encherem três oceanos Pacíficos.
Falar de amor é fácil, e é por
isso que eu falo dele. Qualquer pessoa pode falar de amor sem errar. Lá no
fundo, o amor é o que nós quisermos. E como quisermos.
Bom, adiante. As músicas
românticas são expressões exasperadas de amor. Clamam por sentimento. Até os
próprios cantores, ao vivo, colocam um semblante adequado à ocasião, como que
se a sua musa estivesse ali. Ou olham para o vazio, com olhos de carneiro mal
morto, que, diz o povo, nunca são grande agoiro.
Em bom reparo, se eu soubesse
cantar, talvez não escrevesse sobre o amor. Talvez o cantasse. Compunha letras,
punha uma guitarra ao ombro, e seguia, estrada abaixo, a trauteá-lo (ao amor,
pois está visto).
Cantar o amor torna tudo mais
dramático. Palavras profundas, dizeres sábios de quem sofreu na pele dos males
do infame sentimento. Também há os que rejubilam com ele. Ou quem seja bipolar
nesse campo, como o Bruno Mars, que ora vai casar com ela, ora a perdeu e já anda
com outro.
Por exemplo, analise-se esta canção dos Coldplay : Tell me you love
me/ If you don't then lie/Lie to me.
Ora, é lá bom mentir a alguém? Ou
se ama ou não. Agora, querer que lhe mintam? Hmmm. Suspeito. Então o pessoal do
amor pede sinceridade, e agora é isto?
E, repare-se, qual música que
fale sobre amor ou corações palpitantes, tem o caminho aberto para o sucesso.
Caso do Luan Santana, que diz que
“amar não é pecado”. Pois não. Mas devia ser. E cantarolar sobre ele
igualmente.
Uma overdose de amor, é o que temos
nas rádios, nas redes sociais e em todas as esquinas.
O amor persegue os incautos.
Apanha-os desprevenidos no trânsito. Salta-lhes de becos escuros, armado até
aos dentes.
O amor não passa despercebido.
Porque o amor sacoleja-nos como marionetas em dia de teatro, grita a plenos
pulmões, confunde-nos, magoa-nos, tira-nos sono, fome e sede. Por vezes a
dignidade.
E, pior.
Canta-nos.